Segurança de cosméticos e EWG
Ao adquirir um cosmético, dificilmente pensamos sobre os detalhes dos ingredientes que o compõem ou sobre a segurança do seu uso. Como consumidores, costumamos confiar nos processos e legislações que garantem a segurança no desenvolvimento e utilização desses produtos. Mas você já se perguntou o que torna um cosmético de fato seguro para ser utilizado e qual a real importância dos processos que garantem essa segurança?
Para entender essas questões, precisamos primeiro falar sobre o que é um cosmético. A legislação atual caracteriza os cosméticos como “preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, alterar sua aparência, corrigir odores, proteger-las e/ou mantê-las em bom estado”.
Tendo em vista essa definição, podemos explicar as avaliações de segurança cosmética e sua importância, tanto para os consumidores quanto para as indústrias e/ou empresas responsáveis pela formulação, desenvolvimento e comercialização desses produtos.
Avaliação de Segurança
Quando um novo cosmético é desenvolvido, antes de ser colocado no mercado é preciso que sejam realizadas diversas avaliações, assegurando que não sejam utilizados ingredientes tóxicos ao organismo humano ou que haja qualquer efeito indesejado ao consumidor, em condições adequadas de uso. Existem certas particularidades nas análises, dependendo do tipo de cosmético e da legislação local, por isso vamos focar nas avaliações previstas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
Como dito anteriormente, a avaliação começa com a seleção dos ingredientes que irão compor a formulação cosmética, visto que a maioria dos riscos estão relacionados às matérias primas escolhidas. Tais ingredientes devem ser referenciados de acordo com a legislação, ou seja, cada componente deve apresentar uma coleção extensa de estudos e informações científicas, como fatores toxicológicos e possíveis interações entre eles, comprovando a seguridade de uso. Além disso, a formulação deve ser realizada considerando uma margem confiável na concentração dos compostos, entre o nível de risco e o nível de uso dos compostos presentes no produto, garantindo a segurança dos cosméticos.
Com a formulação pronta, outros testes podem ser realizados, visando análises de aplicabilidade do cosmético, particularidades do local de uso e aceitabilidade do público alvo. Alguns exemplos são os ensaios de compatibilidade cutânea, fotossensibilidade e fototoxicidade, em testes dermatológicos. Tais testes, em conjunto com os estudos bibliográficos de produtos iguais ou semelhantes, ajudam a estabelecer os parâmetros de condições de uso do produto em questão, como modo ideal de aplicação, tempo de exposição, frequência de uso, entre outros.
Caso seja comprovada a seguridade do produto, estudos devem prosseguir após a comercialização do cosmético, com coleta de dados sobre as experiências dos usuários. A continuação das análises visa observar possíveis casualidades ou problemas não detectados durante as avaliações prévias, auxiliando na resolução de possíveis problemas e aumentando a segurança dos cosméticos.
Risco cosmético
Para entender a importância da avaliação de segurança, precisamos primeiro entender a diferença entre dano e risco cosmético. O dano corresponde aos efeitos negativos para a saúde de uma pessoa, causados por características específicas de uma substância, enquanto o risco corresponde à probabilidade do dano ocorrer. Os cosméticos são avaliados em função do risco, não do dano, contemplando parâmetros como condições de uso, área de aplicação e tipos de reação.
Algumas reações que podem ser observadas são: irritação, com reações de intensidade variada e restritas ao local de aplicação; sensibilização, que corresponde às alergias, podendo ocorrer em áreas diferentes da área de aplicação; efeito sistêmico, com a passagem de ingredientes para a circulação sanguínea geral.
EWG Skin Deep
Visando aumentar a acessibilidade da população aos dados de segurança de ingredientes utilizados em formulações cosméticas, organizações como a EWG (Environmental Working Group) foram criadas. A EWG é uma comunidade sem fins lucrativos, formada por cientistas e especialistas das diferentes áreas que utilizam compostos químicos, que criaram bancos de dados para classificar a segurança desses compostos.
Em sua base de dados Skin Deep, a EWG fornece listas extensas com ingredientes, devidamente identificados pela Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos – INCI, e produtos cosméticos, contendo as principais informações sobre cada um deles. Além disso, possui também um sistema de pontuação de perigo (Hazard Score) que varia de 1 a 10, sendo 1 o mais seguro, levando em consideração perigos já conhecidos e suspeitas de riscos.
Essa e outras bases de dados são essenciais para aumentar a transparência entre a Indústria cosmética e os consumidores, permitindo que façam escolhas mais seguras e confiáveis sobre os produtos que utilizam. Como vimos, o conhecimento sobre a matéria prima utilizada é um dos principais pilares para o desenvolvimento e segurança de um cosmético e a sua avaliação de segurança e, da mesma forma, é de extrema importância que tal conhecimento esteja disponível para o público geral.
Quer desenvolver um cosmético seguro ou tem interesse em saber mais sobre o assunto? Entre em contato com a gente!